Cuidados no Tratamento Cirúrgico Odontológico de Pacientes com Doenças Cardíacas

Complicações cardiovasculares são as causas mais comuns de eventos adversos em cirurgias.
Pacientes portadores de doenças cardíacas, necessitam de atenção especial e planejamento
adequado para realização de cirurgias odontológicas com segurança e eficácia.

As doenças cardíacas mais comuns são: hipertensão arterial, doenças cardíacas isquêmicas,
insuficiência cardíaca, doenças nas válvulas cárdicas e disritmias cardíacas. Há, também, as
comorbidades associadas como: obesidade, aumento dos níveis de colesterol no sangue, tabagismo
e doenças pulmonares.

Por sua vez, a hipertensão é definida como duas ou mais aferições da pressão arterial acima de 140
x 90 mmHg. Afeta cerca de 1 bilhão de pessoas no mundo e a incidência aumenta com a idade.

Nos Estados Unidos, estudos estimam incidência de pressão alta em cerca de 25% da população
adulta e 70% em pessoas com mais de 70 anos. No entanto, apenas 30% dos pacientes fazem
tratamento adequado e aproximadamente 30% permanecem sem diagnóstico, desconhecendo a
existência dessa doença, na maioria das vezes “silenciosa”.

A realização de tratamento odontológico em caráter multidisciplinar, com a presença de um médico
anestesiologista e a realização da cirurgia com sedação, apresenta inúmeros benefícios para o
paciente e proporciona aumento da segurança e conforto.

Desta forma, durante o procedimento, o paciente é submetido à monitorização do ritmo e da
frequência cardíaca, dos níveis da pressão arterial, da respiração e oxigenação do sangue. São
realizadas medicações que controlam os batimentos do coração e os níveis da pressão arterial.

Assim, as alterações orgânicas decorrentes da cirurgia são atenuadas, diminuindo a incidência de
complicações cardíacas, além de outros benefícios associados como: prevenção de náuseas e
vômitos; prevenção da dor pós-operatória; diminuição de inchaço; realização de antibióticos que
previnem a incidência de infecções e doenças nas válvulas cardíacas.

Neste caso, o paciente cardiopata deve ser avaliado primeiramente pelo cirurgião dentista que, após
indicar o tratamento cirúrgico, o encaminhará para a avaliação pré-anestésica. Nesta consulta, o
paciente deve trazer todos os exames que tiver e o nome e dosagem de todos os medicamentos em
uso.

O anestesiologista avaliará a viabilidade da realização do procedimento e a necessidade de
avaliações especializadas por parte do cardiologista do paciente, que vai ajudar na mensuração do
risco cirúrgico e na orientação do uso das medicações, sobretudo nos casos de uso de remédios que
alteram a coagulação do sangue, como no caso de pacientes submetidos a cirurgias de angioplastias
(stent), cirurgias valvares e demais cirurgias cardíacas.

Portanto, portadores de doenças relacionadas ao coração podem realizar tratamento odontológico
com conforto e segurança. Para isso, necessitam observar passos importantes, como a escolha de
uma equipe competente, preferencialmente multidisciplinar.

A presença de suporte médico para a realização de avaliação, esclarecimentos, planejamento e
preparo adequado, podem aumentar a segurança e contribuir para o sucesso do procedimento.

Dr. Angelo Carstens CRM 18312- PR

Médico Anestesiologista

Membro da Sociedade Brasileira de Anestesiologia

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